quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Os Quatro Airts


Autora: Doreen Valiente
Livro: Enciclopédia da Bruxaria

Airt é um antigo termo gaélico para as quatro pontas da bússola, Norte, Sul, Leste e Oeste. Elas são muito importantes na magia, porque o círculo mágico deve ser sempre orientado por elas. As primeiras igrejas cristãs também eram cuidadosamente orientadas, com o altar principal sempre no leste, embora nos dias atuais esse costume não seja invariavelmente observado, provavelmente devido à atual falta de espaço que leva os arquitetos das igrejas a construírem seus prédios da melhor maneira possível no terreno disponível.
O círculo mágico geralmente tem uma vela ou um abajur [Argh, me poupe! Talvez ela tenha querido dizer “lamparina”, que é mais decente.] em cada um dos quatro cantos. Os poderes dos Quatro Elementos estão naturalmente conectados com as Quatro Airts. Diferentes tradições da magia possuem atribuições distintas, porém a mais comum na tradição mágica ocidental é o Ar a Leste, Fogo ao Sul, Água a Oeste e Terra ao Norte. [Eu aprendi que os Elementos seguem os signos que estiverem nos Quadrantes.] 
Essa atribuição está baseada na qualidade dos ventos prevalecentes. Na Grã-Bretanha, o vento do Sul traz calor e aridez, enquanto o vento do Oeste normalmente traz tempo chuvoso e quente. Portanto, esses cantos são considerados como os lugares do fogo e da água respectivamente. O vento do Leste é frio, seco e revigorante, por isso esse é o lugar dos poderes do ar. O vento do Norte é frio e congelante, vindo do lugar onde neva o tempo todo. Ele representa a escuridão da Terra.
Em outras partes do mundo, naturalmente, essas condições não são aplicáveis; por isso, o mago verdadeiramente talentoso, diferentemente daquele que meramente leu sobre o assunto em livros, irá observar os ventos prevalecentes de seu próprio país, e irá invovar os Quatro Elementos de maneira apropriada.
Os Airts gaélicos tinham uma associação tradicional de cores atribuída a eles. O Leste assumia o carmim da madrugada; o Sul, a luz branca da Lua Cheia; o Leste, o tom marrom-acinzentado do crepúsculo [simplificando: cinza. Em Gaélico, Liath.], e o Norte, o preto da meia-noite. É notável, relacionado a isso, que a canção “Espíritos Negros” referida na peça de Shakespeare MacBeth não tenha sido escrita por ele, mas apareça em uma outra peça, The Witch, de Middleton, e pode muito bem ter sido uma antiga cantiga popular. Ela diz o seguinte:
“Espíritos brancos e negros,
Espíritos vermelhos e cinzas,
Misturem-se, misturem-se, misturem-se,
Vocês que podem misturar-se!

Firedrake, Pucky,
Tragam sorte.
Liard, Robin, 
Vocês devem sacudir-se.

Girem, rodopiem, rodopiem,
Subam, subam!
Todo o mal adentre-se,
Todo o bem afaste-se.”

Na realidade, a canção está invocando os espíritos dos quatro pontos cardeais, por meio das cores dos antigos Airts gaélicos, e era assim singularmente apropriado para as Bruxas escocesas que Shakespeare estava descrevendo. Firedrake, Pucky, Liard e Robin eram os nomes dos familiares das Bruxas. Uma versão atual das Bruxas diz o seguinte:

“Espíritos brancos e negros, 
Espíritos vermelhos e cinzas, 
Venham até nós, venham até nós, 
Venham vocês que podem vir!

Girem e rodopiem,
Para cima e para os lados,
Que o bem adentre-se
E o mal afaste-se.”

[Ainda acho que 

“Black spirits and white, red spirits and gray,
Mingle, mingle, mingle, you that mingle may.”

Tem mais ritmo.]

As idéias mágicas de dançar ou de circundar deaseil ou tuathal estão ligadas aos Quatro Airts. Deaseil, ou na direção dos ponteiros do relógio, é um movimento afortunado, e por isso cheio de bênçãos; mas tuathal, o movimento anti-horário, é geralmente usado para a magia adversa ou maldição. Esses nomes vêm das palavras escocesas gaélicas equivalentes ao pontos cardeais: Tuath (Norte), Airt (Leste), Deas (Sul) e Iar (Oeste). Airt era o ponto de partida das invocações; por isso, girava-se para a direita chegando ao Deas, ou para a esquerda, literalmente o lado sinistro, até o Tuath.

Nenhum comentário:

Postar um comentário