quarta-feira, 19 de agosto de 2009

domingo, 16 de agosto de 2009

Maypole

O Maypole é de origem romana, era feito pra homenagear a Deusa Flora e foi levado pelos romanos às Ilhas Britânicas. O Maypole é um mastro de bétula (árvore da fertilidade), coroado com uma guirlanda de flores e, pendendo dessa guirlanda, há fitas vermelhas e brancas. As mulheres então pegam as fitas vermelhas, e ficam todas de um lado. Os homens pegam as fitas brancas, e ficam todos do outro lado, olhando pra cara das mulheres. Então, homens e mulheres começam a caminhar em direções opostas, ao encontro um do outro, entrelaçando suas fitas.

Aí você diz "Ai, que chato, fica mais legal quando é com várias cores diferentes." Mas espere até eu explicar o motivo.

As fitas vermelhas das mulheres representam o sangue menstrual. As fitas brancas dos homens representam o sêmen. Quando se junta sangue menstrual e sêmen, obtém-se o que os ocultistas chamam de "Ouro Rubro", de grandes propriedades mágicas. Esse é o significado do Maypole: um Ouro Rubro coletivo. Simbolicamente, é uma grande suruba. De fitinhas. ^_^

(Autoria de Nádia Bertolazzi)


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Charge of the Goddess

Nem precisa de comentários ;)

Dança Espiral e o Deus Aleijado


Autora: Doreen Valiente
Livro: Enciclopédia da Bruxaria

Um terceiro tipo de dança das Bruxas é uma espiral, que é dançada entrando e saindo do círculo. Isso simboliza a entrada nos mistérios do Outro Mundo. Ela é às vezs chamada de “Cidade de Tróia”, em homenagem ao antigo padrão dos labirintos, que supostamente eram criados para lembrar os muros de Tróia. A Inglaterra tem um grande número de labirintos de sebes e cercas-vivas espalhados pelo interior do país, sendo que a maioria deles é de data desconhecida, mas que certamente é muito antiga. Os labirintos estão relacionados com os antigos Mistérios Britânicos. A morada dos heróis mortos e do Caldeirão da Inspiração foi chamada de Castelo Espiral, pelos antigos bardos.

Autor: Raven Grimassi
Livro: Enciclopédia de Wicca e Bruxaria

A Dança Espiral é uma dança cerimonial na qual um número de pessoas se junta, formando uma espiral viva que se contrai e se expande. Tradicionalmente, uma mulher e um homem, que representam a Deusa e o Deus Aleijado, conduzem a dança. 
O homem arrasta sem firmeza um dos pés como se ele personificasse o seu personagem. O Deus Aleijado é uma figura curiosa conectada com os antigos Deuses do martelo e com as figuras míticas dos ferreiros.
Conforme a dança começa, os movimentos dos dançarinos são conduzidos widdershins, em espiral interna, símbolo da jornada de uma alma em direção ao Mundo Inferior, onde o aspecto sombrio da Grande Deusa está à espera. Uma vez encontrada, a Deusa é vista em seu aspect iluminado, no qual ela renova a vida. Os dançarinos são, em seguida, conduzidos para fora em uma espiral deosil. A Espiral externa representa o retorno da vida, vinda da espiral do Mundo Inferior. Aqui, a espiral é o símbolo da reencarnação.
Na Tradição Céltica, a Dança espiral é associada à Deusa Arianrhod.

Deus Aleijado: é um conceito muito antigo datando da remota era dos caçadores-coletores. Em épocas antigas, um caçador tinha que chegar muito perto do animal a fim de matá-lo com suas armas primitivas, como uma clava ou uma lança. O caçador mais bravo era altamente estimado pela tribo. Isso permitia a eles um grau de elevação, mesmo dentro das antigas sociedades matrifocais que dominavam a religião tribal e a posição social.De vez em quando, essa pessoa recebia um ferimento permanente, normalmente em uma perna ou no quadril, devido a ser espetado pelos chifres de um animal. Não sendo mais capaz de caçar, ele permanecia no vilarejo com as mulheres. Ele era recolhido pelas mulheres xamãs e era ensinado em alguns de seus mistérios. Ele também participava em alguns rituais do clã, servindo como modelo para um Alto Sacerdote da Velha Religião. Seu principal símbolo era o cajado que o auxiliava em sua mobilidade.O próprio cajado era um antigo símbolo da Árvore Sagrada. Nessa época, a conexão elevava o caçador aleijado ao sacerdócio, [o Deus ficava dentro do galho do cajado, como um fogo latente, e, portanto, aquele que portava o cajado agia como seu representante] onde ele também conservava o símbolo do animal de chifres que ele caçou outrora. Livre de suas obrigações de caçar, o homem aleijado passava a maior parte de seu tempo estudando as poções herbais e as técnicas mágicas das xamanesas. Nessa época, ele combinava-os com os mistérios únicos de sua própria natureza [Mistérios Masculinos], juntamente com o seu conhecimento do reino animal [Animal de Poder] e se tornava um feiticeiro por seus próprios méritos. 

O mito do Deus Aleijado foi preservado na Mitologia Grega, onde encontramos o Deus Hefestos lançado do Monte Olimpo por Zeus. Hefestos sofreu uma quebra na perna que nunca curou completamente e ficou conhecido como o Deus Aleijado. Hefestos, naturalmente, era Deus do fogo e da forja, símbolos do ferreiro. A figura do Deus Aleijado também aparece na Europa setentrional, no conto do ferreiro Wayaland.


(Autoria de Nádia Bertolazzi)

Os Quatro Airts


Autora: Doreen Valiente
Livro: Enciclopédia da Bruxaria

Airt é um antigo termo gaélico para as quatro pontas da bússola, Norte, Sul, Leste e Oeste. Elas são muito importantes na magia, porque o círculo mágico deve ser sempre orientado por elas. As primeiras igrejas cristãs também eram cuidadosamente orientadas, com o altar principal sempre no leste, embora nos dias atuais esse costume não seja invariavelmente observado, provavelmente devido à atual falta de espaço que leva os arquitetos das igrejas a construírem seus prédios da melhor maneira possível no terreno disponível.
O círculo mágico geralmente tem uma vela ou um abajur [Argh, me poupe! Talvez ela tenha querido dizer “lamparina”, que é mais decente.] em cada um dos quatro cantos. Os poderes dos Quatro Elementos estão naturalmente conectados com as Quatro Airts. Diferentes tradições da magia possuem atribuições distintas, porém a mais comum na tradição mágica ocidental é o Ar a Leste, Fogo ao Sul, Água a Oeste e Terra ao Norte. [Eu aprendi que os Elementos seguem os signos que estiverem nos Quadrantes.] 
Essa atribuição está baseada na qualidade dos ventos prevalecentes. Na Grã-Bretanha, o vento do Sul traz calor e aridez, enquanto o vento do Oeste normalmente traz tempo chuvoso e quente. Portanto, esses cantos são considerados como os lugares do fogo e da água respectivamente. O vento do Leste é frio, seco e revigorante, por isso esse é o lugar dos poderes do ar. O vento do Norte é frio e congelante, vindo do lugar onde neva o tempo todo. Ele representa a escuridão da Terra.
Em outras partes do mundo, naturalmente, essas condições não são aplicáveis; por isso, o mago verdadeiramente talentoso, diferentemente daquele que meramente leu sobre o assunto em livros, irá observar os ventos prevalecentes de seu próprio país, e irá invovar os Quatro Elementos de maneira apropriada.
Os Airts gaélicos tinham uma associação tradicional de cores atribuída a eles. O Leste assumia o carmim da madrugada; o Sul, a luz branca da Lua Cheia; o Leste, o tom marrom-acinzentado do crepúsculo [simplificando: cinza. Em Gaélico, Liath.], e o Norte, o preto da meia-noite. É notável, relacionado a isso, que a canção “Espíritos Negros” referida na peça de Shakespeare MacBeth não tenha sido escrita por ele, mas apareça em uma outra peça, The Witch, de Middleton, e pode muito bem ter sido uma antiga cantiga popular. Ela diz o seguinte:
“Espíritos brancos e negros,
Espíritos vermelhos e cinzas,
Misturem-se, misturem-se, misturem-se,
Vocês que podem misturar-se!

Firedrake, Pucky,
Tragam sorte.
Liard, Robin, 
Vocês devem sacudir-se.

Girem, rodopiem, rodopiem,
Subam, subam!
Todo o mal adentre-se,
Todo o bem afaste-se.”

Na realidade, a canção está invocando os espíritos dos quatro pontos cardeais, por meio das cores dos antigos Airts gaélicos, e era assim singularmente apropriado para as Bruxas escocesas que Shakespeare estava descrevendo. Firedrake, Pucky, Liard e Robin eram os nomes dos familiares das Bruxas. Uma versão atual das Bruxas diz o seguinte:

“Espíritos brancos e negros, 
Espíritos vermelhos e cinzas, 
Venham até nós, venham até nós, 
Venham vocês que podem vir!

Girem e rodopiem,
Para cima e para os lados,
Que o bem adentre-se
E o mal afaste-se.”

[Ainda acho que 

“Black spirits and white, red spirits and gray,
Mingle, mingle, mingle, you that mingle may.”

Tem mais ritmo.]

As idéias mágicas de dançar ou de circundar deaseil ou tuathal estão ligadas aos Quatro Airts. Deaseil, ou na direção dos ponteiros do relógio, é um movimento afortunado, e por isso cheio de bênçãos; mas tuathal, o movimento anti-horário, é geralmente usado para a magia adversa ou maldição. Esses nomes vêm das palavras escocesas gaélicas equivalentes ao pontos cardeais: Tuath (Norte), Airt (Leste), Deas (Sul) e Iar (Oeste). Airt era o ponto de partida das invocações; por isso, girava-se para a direita chegando ao Deas, ou para a esquerda, literalmente o lado sinistro, até o Tuath.

Sacrifícios

Minha postagem vai ser enorme, peguem um cafezinho ou chá e relaxem. rs

Falando por mim, ou seja, opinião pessoal e intransferível, sem imposições ou desejo de que concordem comigo digo:

Os sacrifícios de qualquer espécie, pra mim, são práticas válidas, fundamentadas e muitas vezes necessárias aos mais diferentes ritos. Só que, tais ritos não fazem parte da liturgia da Wicca, logo, para esta religião e dentro do seu corpo de crenças os sacrifícios são desnecessários e não devem ser praticados - mesmo que o sacerdote concorde e veja lógica na prática, pois é uma regra baseada nas crenças da religião que o sacrifício de sangue não é necessário, talvez fosse nas eras primitivas, mas, dentro do pensamento religioso wiccano não é mais necessário. Ponto passivo.

Uma coisa é não praticar ou ver necessidade de tal ato de acordo com nossas crenças pessoais, outra coisa é impor ou ofender de alguma forma as pessoas de outras crenças só porque para nós não faz sentido. E isso vale para quem concorda e para quem discorda das práticas de sacrifícios de sangue.

Precisamos aceitar que cada pessoa, independente de suas religiões ou crenças, enxerga o ciclo de vida, morte e renascimento de uma forma, cada pessoa tem o direito de possuir valores morais e culturais diferentes. Quando o assunto é sacrifício várias coisas estão intimamente ligadas para a aceitação dessas práticas e na grande maioria das vezes o que nos faz concordar ou não com tais atos sequer tem relação com o entendimento religioso e funcional que temos deles, mas normalmente, o que interfere em nossas opiniões são nossa criação e cultura, que nos impõe valores diferenciados em relação ao ato levar à morte e o que ele representa em nosso íntimo.

Eu posso parecer soberba, malvada, egoísta entre outras coisas para alguns pelo simples fato de acreditar e vivenciar, ou seja, saber que sou capaz de criar e destruir e que tal capacidade, em minha opinião, quando controlada e utilizada dentro de minhas convicções religiosas é a maneira que possuo de me elevar espiritualmente e exaltar minha divindade como parte viva e necessária deste universo.

Para mim e dentro de minhas crenças usar uma planta ou um animal num rito é a mesma coisa, não tenho patamares de valor entre a vida de um animal e de uma planta, isso, claro, considerando-se o uso da planta em sua totalidade. Mas, assim como é raro eu precisar matar uma planta inteira, também é raro eu precisar matar um animal. Porém isso não muda o fato de que quando eu retiro partes das plantas para queimar, triturar ou enfeitar para uso ritual, eu estou agredindo e retirando uma parte viva e necessária àquele ser e como as plantas não gritam, ao menos com sons audíveis a nós humanos, eu não sei se lhes causo dor, mas sinceramente, acredito que sim.

E porque eu continuo usando as plantas? Porque elas são necessárias pra mim e para o meu culto. As energias que elas desprendem alimentam meu corpo energético e os Deuses, Ancestrais, Guardiões e etc. que eu cultuo ou coexisto religiosamente. Assim como uso partes de uma planta, que é um ser vivo, também usaria a planta inteira ou um animal se fosse preciso, inclusive um animal que amasse como os meus gatos. Tudo ia depender do propósito, do entendimento e da necessidade que eu tivesse para agir de tal forma.

O sofrimento que eu viesse a causar ou ter (porque sacrificar também implica em enfrentar sombras e sentimentos pessoais) seria de responsabilidade única e exclusiva minha, e como bruxa, sacerdotisa, mulher e religiosa que sou iria assumir qualquer tipo de problema que isso acarretasse desde que o meu objetivo fosse alcançado. Nisso alguém poderia dizer; então você é disposta a qualquer coisa para conseguir seus objetivos? Sim, sou. Só que, antes de ser desmerecida por isso, lembro que todo objetivo que se cria em minha mente ou em meu culto é pautado em crenças, cultura e acima de tudo, na minha ética e honra. Logo, todos os meus objetivos são coisas que eu considero úteis e com valor perante minhas crenças e cultura.

Eu não acredito em pecados, punições ou julgamentos, para mim, se um sacerdote de minha tradição assassinar alguém isso não é um pecado, considero errado e não faria o mesmo que ele, mas pra mim não é um pecado e não é motivo para que eu o ataque ou diminua. A escolha foi dele, a ação foi dele e se de fato os Deuses não permitissem tal coisa ele não conseguiria fazê-lo, mas se faz é porque permitem. Quando morrer ele vai viver entre pessoas que tomaram escolhas parecidas com as dele - outros assassinos, e caberá somente a ele aprender se isso lhe agrada ou não. (Isso é uma crença pós-morte nossa, não generalizem)

Talvez não tenha conseguido ser clara com o que quis expressar com essa hipótese, mas apenas estou tentando mostrar que as crenças das diversas religiões pagãs são muito diferentes e que o que pra um pode ser errado, para outro pode ser certo. E ainda que eu entenda e aceite o sacrifício de outros seres - plantas, animais e etc., tenho várias ressalvas porque não sei os verdadeiros motivos que levam as pessoas a fazê-los e não sei que tipo de entendimento as pessoas possuem sobre aquilo, portanto não recrimino, mas também não apoio, pois eu sei o que faço e o que meus irmãos de tradição fazem. Com estes eu concordo, mas com as outras religiões e práticas, que eu não faço parte ou entendo eu prefiro me manter calada, pois não posso julgar algo que não conheço.

Enfim, eu não tenho nada contra sacrifícios, sejam eles com sangue, seiva ou qualquer outro fluído vital. Eu pratico sacrifícios diversos, considero o meu esforço para manter meu culto e ensinar meus irmãos inexperientes um dos maiores sacrifícios que faço, rs, no culto uso plantas, sêmem, sangue meu ou de outro ser, urina, saliva, seiva, e várias outras coisas que saem de seres vivos, até porque ao meu ver tudo é vivo e sagrado. Nunca cheguei a sacrificar um animal especificamente para um ritual, mas já participei de tais rituais sem problema e minha avó criava galinhas, alimentava, dava nomes, fazia até carinho nelas e quando tinha casamentos, batismos ou coisa do tipo lá na casa dela, ela matava uma ou duas de suas galinhas para alimentar a família. Eu achava isso totalmente natural, porque ela também arrancava a alface e outras plantas e fatiava-as para comer. Todos os seres são vivos e sagrados pra mim, e todos também são capazes de gerar vida ou morte. Até as plantinhas podem matar, basta que sejam venenosas ou que você tenha alergia.

“Só há vida através da morte e morte através da vida” Essa é minha crença, absolutamente ninguém é obrigado a segui-la ou concordar com ela, mas precisam respeitá-la, pois é um direito que todas as pessoas possuem: ter suas crenças respeitadas.

Ao expressar minha opinião, argumentando através de minhas crenças, quis apenas mostrar que nós pagãos, possuímos crenças diferentes e que precisamos aprender a nos respeitar.

É isso. Abraços,

Dayne Anglius.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Witches' Ladder

Livro: Enciclopédia da Bruxaria
Autora: Doreen Valiente

O Folklore Journal em 1886 trouxe uma história sobre um achado impressionante em uma velha casa em Wellington, Somerset. Alguns construtores que estavam trabalhando na casa descobriram uma sala secreta no espaço entre o quarto de cima e o telhado. A julgar pelo conteúdo daquele buraco secreto, parecem ter chegado à conclusão de que aquele lugar era um local de encontro de Bruxas.
Seis vassouras foram encontradas lá, junto com uma antiga poltrona; talvez um assento para a pessoa que presidia as reuniões. Havia também um outro objeto muito curioso, que a princípio os descobridores não conseguiram explicar.
Ele era formado por um pedaço de corda, com cerca de um metro e meio de comprimento e um centímetro e meio de espessura. Ela era composta de três tranças, e tinha um laço em uma das pontas. Inseridas na corda, de forma cruzada, estavam várias penas. Na maioria, penas de ganso, embora algumas fossem plumas pretas de corvo ou de gralha, saindo para fora da corda em intervalos irregulares. As penas não tinham sido apenas amarradas na corda, mas pareciam ter sido fixadas entre as tranças no momento em que a corda tinha sido feita.
Algumas pessoas de mais idade de Somerset que viram essa estranha descoberta olharam para aquilo com desagrado e se mostraram reticentes quando lhes perguntaram o que era aquilo. Os trabalhadores o chamaram de uma “escada de bruxas” [Witches’ Ladder], e sugeriram que ela fosse usada para “subir até o telhado”, o que era obviamente absurdo. Uma senhora idosa, quando lhe perguntaram se ela sabia o que era aquilo, respondeu que conhecia o uso da vela com alfinetes, da cebola com alfinetes, e da corda e das penas. Ela se recusou a dizer qualquer coisa mais, mas como os feitiços de espetar uma vela ou uma cebola com alfinetes eram conhecidos como uma forma de amaldiçoar alguém, ficou evidente para os estudantes do folclore que se interessaram por essa descoberta que a escada das bruxas era um outro meio de colocar uma maldição.

Futuras investigações trouxeram à tona mais alguns detalhes. A corda e as penas tinham de ser novas, e as penas tinham que ser de um pássaro macho. Esse feitiço também não era particular de Somerset. Ele também era conhecido em outras partes do West Country, e era conhecido como uma forma perigosa e secreta de bruxaria.
Quando a cópia do Folklore Journal que apresentava uma descrição e um desenho da escada das bruxas chegou às mãos de Charles Godfrey Leland na Itália, ele investigou e descobriu que a maldição da corda e das penas era conhecida naquele país também. Entre as Bruxas italianas, ela era chamada de “la guirlanda della streghe” a guirlanda das Bruxas. Ela tinha uma forma muito semelhante, de uma corda com nós amarrados, e uma pena de galinha preta em cada um dos nós. A maldição era repetida várias vezes, conforme o nó era feito, e então o trabalho terminado era escondido na cama da vítima para trazer-lhe desgraças.
O reverendo Sabine Braing-Gould, que tinha um amplo conhecimento do folclore de West Country, introduziu o feitiço da escada das bruxas em seu romance “Curgenven”, publicado em 1893. De acordo com o seu relato, a escada de bruxa era feita de lã preta, fios brancos e marrons, entrelaçados, e a cada cinco centímetros era amarrado nessa corda um punhado de penas de galo, ou penas de faisão e galinha d’água, alternadamente. A velha avó que a fazia tecia e instigava a cada nó da escada das bruxas um tipo de dor ou sofrimento que ela desejava, para que atingissem o inimigo para quem a corda era feita. Depois ela amarrava uma pedra na ponta da corda, e mergulhava o objeto em Dozmary Pool, uma água que a lenda dizia ser assombrada. Ela acreditava que enquanto as bolhas subiam para o alto da panela, o poder da maldição era liberado para realizar seu trabalho.
É um tributo incrível à natureza disseminada das práticas secretas das Bruxas que praticamente o mesmo objeto fosse conhecido e usado em lugares tão distantes como Somerset e a Itália, por pessoas que naqueles dias não eram suficientemente alfabetizadas a ponto de aprenderem as coisas em livros; mesmo que qualquer descrição do feitiço tivesse sido publicada em algum lugar antes, o que, levando em conta o ponto de vista confuso dos folcloristas mais importantes que foram confrontados com essa descoberta, parece ser muito improvável.
Podemos observar que o número três mágico aparece na fabricação do feitiço, fato que é muito comum. Ela tem que ser uma corda tripla em que as penas são amarradas. As próprias penas são possivelmente símbolos do envio do feitiço voando de forma invisível em direção à pessoa intencionada.#

(Autoria de Nádia Bertolazzi)